Music makes the people come together
Já fiz o meu périplo pelos blogs e sites que estimo e portanto já li as críticas entusiastas (ou não) ao concerto da única e inigualável rainha da pop e da cabala, Madonna. Por conseguinte, vou saltar aquela parte que foi a organização do evento, acrescentando somente o seguinte “Pavilhão Atlântico, volta, ‘tás perdoado”. Eu cá vi tudo, pus-me à frente de um ecrã, quase lhe via o céu-da-boca, com um delay de um segundo. Sinceramente, a partir do momento em que vi o Covões dizer na TV que o palco tinha 45cm de altura, e depois de ir buscar a régua à gaveta e comprovar a medida, caíram por terra todos os desejos de ver fosse o que fosse.
Ontem não fui ver um concerto, isso é quando se vai ao Coliseu ou à Aula Magna, ontem fui ver um espectáculo. Quando M. entrou, à minha volta todos estavam de boca aberta. O jogo ia começar. Aposto que todos nos arrepiámos quando, sentada no seu trono, a nós se mostrou. Só olhava para ela, para as pernas, braços, cabelo, rabo, boca. Verti, disfarçadamente, uma lágrima de emoção. Foram duas horas a cantar e a dançar, a saltar à corda, a movimentar-se ao som fruto das recentes incursões pelo hip-hop, a regressar aos clássicos com novas roupagens metaleiras para “Borderline” ou “Into the Groove”, a encarar e a dominar alguns dos seus alter-egos (a material girl, a virgem, a mulher sexual…) enquanto cantava “She’s not me”, mentira, M. ainda é tudo aquilo.
A M. latina obviamente compareceu tendo o cuidado de nos perguntar se falávamos espanhol para nos ensinar a “Spanish Lesson” e para recordar “La Isla Bonita” (descobri recentemente que o Benicio Del Toro entra no vídeo), nesta fase a surpreender pela mistura de ambiente latino com ciganada de leste, a lembrar a banda de Kusturica. Os novos ícones da música também foram à Bela Vista, cortesia da tecnologia, hoje, fundamental na criação de sobreposições em palco – Britney Spears, Pharrel Wiliams, Kanye West ou Justin Timberlake, que com M. cantou e dançou em“4 Minutes”.
A M. política surge na recta final no momento em que separa os bons, dos maus e dos vilões, numa mensagem óbvia de “morram os líderes da fome e do sofrimento/votem Obama/acabem com a guerra/viva o botox.” O meu momento mais alto, literalmente, foi quando subi às cavalitas do lek em “Like a Prayer”, via tudo e todos, em pequena escala, diga-se, e cantei estupidamente feliz até ouvir “porra, ainda pesas os teus quilos!”.
O final foi apoteótico, os recentes singles “Hung up” e “Give it to me” transformaram o sítio onde estava numa autêntica discoteca ao ar livre. E depois, o jogo acabou. Her sugar is raw! Hum… Ainda vamos ter direito a mais, escrevam!