domingo, 3 de fevereiro de 2008

A cor púrpura do Rio…

O padrasto do Oswaldo, uma das duas vítimas envolvidas na última chacina tribal em Rio de Mouro, diz que os jovens “andam sem rumo porque o governo não constrói sítios onde eles possam passar os dias”, acrescentando que “no Cacém não há nada para fazer.”

Já vi culpar o governo por muita coisa, ultimamente até se tem culpado o governo pela morte de idosos com 90 anos que morrem devido a paragens cardiorespiratórias a caminho do hospital – ou não fosse esta a causa de morte comum entre os mortais, mas culpar o governo pela morte de jovens rapazes que gostam de brincar aos cowboys ao pé da estação de comboios, é um pouco exagerado. Ora eu já tive 15 anos, até já tive 13, e nunca precisei de passar as tardes em centros de jovens. Eu penso que o Estado ainda providencia à borla aquilo a que chamamos Escola. Normalmente entra-se de manhã e sai-se à tarde, dias há em que se entra de manhã e se tem a tarde livre e outros ainda em que a manhã é livre e a tarde ocupada. Seja como for, uma boa parte do nosso tempo, em jovens, pode ser passada na escola. Depois, há história das aulas de apoio, existe a biblioteca (muitas hoje estão equipadas com DVD), os TPC’s, os trabalhos de grupo e, em último caso, um bar, onde sempre se pode jogar uma bela cartada e passar belas tardes em amena cavaqueira, ou juntar uns camafeus para uma bolada no campo do recreio, para não falar daquele sítio que é o “atrás dos pavilhões” onde dá perfeitamente para jogar à apanhada ou ao bate-pé. Sem ser na escola, há sempre um ou outro colega cujos pais passam o dia fora o que dá para promover a interacção em grupo dançando ao som do mais recente single da Rihanna, fumando as beatas dos pais ou tragando golos de Marie Brizard ou Pisang Ambom e fazer-se grande por estar com os copos. Com um pouco de sorte, em 6 amigos, um há-de ter herdado uma Playstation obsoleta de um primo de Angola, o que é sinónimo de folia garantida. Para os mais duros, há sempre publicidade para distribuir, cafés para servir, um pai para ajudar, um carro para quitar. Os Centros Comerciais são outra opção real, repletos de sundaes e gomas, cinemas, lojas Nike e Bershka, onde é possível experimentar o último berro da moda sem ter de abrir os cordões à bolsa. Mas não, para quê tanto estudo e diversão, tanta experiência em conjunto, quando se pode sacar de uma pistola e desferir um tiro na cabeça de elementos rivais da nossa tribo finando-os para todo o sempre? Como se costuma dizer, as acções ficam com quem as pratica.

6 comentários:

Lek disse...

Bem, sobre esta dissertação em volta dos deveres do estado, uma nota me apraz acrescentar. O episódio da morte dos dois "jovens" na semana passada em Rio de Mouro, é importante dizê-lo, aconteceu entre grupos rivais de pretos. Não, não estou a ser racista. É que os brancos ainda hoje resolvem os seus diferendos com os punhos, já os barrotes queimados aos 14 anos andam inchados com o revolver do tio dentro das calças e não hesitam em usá-los ao mínimo atrito.
O estado tem culpa sim, em não criar mais formas de deportar gente inadaptada, e pelo contrário, conferir-lhes legítimidade para poderem ostentar um bilhete de identidade igual ao dos nossos avós. PNR rulez!!!!! :)

Happinêss disse...

Epah! Não quero cá racices no meu blógio! Eu cá respeito todas as raças, apesar de efectivamente os negros estarem, nos subúrbios, muito desenraizados, ausentes de referências e pouco estimulados... Mas... assim também estão os brancos ou os ciganos... Há quem fale na factura da colonização... não sei que factura é essa...

Lek disse...

Eu não respeito raças. Eu respeito quem me respeita a mim, é simples.
Estes pretos de que falamos não respeitam nada nem ninguém, por isso:
-NAPAAAAALMMMM!!!!!!!!!!

R2D2 disse...

Lek, às vezes pergunto-me: "Haverá uma alma querida e fofa dentro dessa tua cabecinha fascista?"
E andas a escrever um português muito (mas mesmo muito) correcto. Estás a sofrer pressões?

Happinêss, eu sei que isto aqui é muito na base do anonimato, mas por acaso já alguma vez foste presidente de algum municipio? Um que tivésse tipo queijadas do preto, uma praia com nome de fruta ou casas apalaçadas para or ricos e apalhaçadas para os pobres? Alguma vez foste derrotada nas urnas por um gajo que sonha que é esperto e acredita em histórias de reis e essas cenas?

Happinêss disse...

... Assim, de repente, não me lembro de ter passado por nada disso que enunciaste... A não ser as queijadas, no meu município há dessas...

Lek disse...

Toda a gente sabe que as queijadas da "Sapa" (mesmo na curva de quem vai para a vila velha, logo depois da câmara municipal) são melhores que as "do preto". Duvido mesmo que as do preto levem queijo algum. Oudaçe lá us pretus!!! NAPALM!!!