quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Brincamos ou quê?

Não pude deixar de reparar numa notícia do jornal Metro, esta quarta-feira, sobre a miudagem e suas brincadeiras. Na capa lê-se “Crianças estão a perder o espírito de brincadeira”, foram simpáticos, porque, na verdade, o que queriam ter escrito era “Crianças estão a perder o espírito”. A notícia surge no seguimento de estudos desenvolvidos por dois cientistas de Yale, sobre os hábitos da infância nos tempos modernos.

O quadro é negro como uma pintura expressionista. Eu consigo entender a notícia mas não concordo totalmente com ela. Entendo no sentido em que talvez aquelas brincadeiras de outrora, sobretudo aquelas “lá na terra”, que envolviam os primos campo ou praia a fora, muita chafurdice na terra, o pião, o guelas, a correria da apanhada, os gelados de um só sabor, os sumos capri-sonne, entre mil e mais, talvez estejam em vias de extinção. Será que ainda se joga ao elástico ou à macaca? Ainda se fazem “quantos-queres” ou se joga aos países? Digo isto, porque era o que eu fazia, gerações anteriores certamente dirão que essas brincadeiras eram muito queques, que as deles é que foram duras, lamacentas e ricas em hematomas. Mamãe conta que nas festas da terra, as moças saltavam as fogueiras para que os pelos caíssem. Alguma vez eu faria tal coisa? As brincadeiras mudam, porque o mundo é composto de mudança (não fui eu que inventei esta). Não podemos querer que na apelativa era digital doida a miudagem queira ir para os campos comer azedas. Aliás, calhando, hoje, as gerações anteriores teriam processos em tribunal avançados pelos partidos verdes porque ir em busca de rãs e lagartixas e proceder à sua decomposição seria considerado crime para com o ecossistema. A poluição não era o que é hoje, assim como a alimentação e a segurança. As azedas hoje em dia devem saber a podre, ficar um dia inteiro sem lavar as mãos é suficiente para se apanhar uma gastroenterite e deixar um filho ir sozinho comprar pão, não tem sido das melhores ideias. Hoje há um mundo de coisas para descobrir, como houve e como haverá sempre. Os miúdos estão bem servidos de brincadeiras, não se preocupem.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, nêss, eu cá na semana passada comprei dez Capri-Sonnes e andei a mostrar a toda a gente e ninguém conhecia, fiquei muito desiludido. Também não percebo por que é que só em Portugal é que os putos bebem essa beberagem alemã aspirante a um dia ser sumo. Agora, uma coisa é verdade, aquilo bem fresquinho não deixa de ser bastante agradável - sobretudo acompanhado por meia-dúzia de azedas do canteiro da escola.
Bom, além disto era só para saberes que venho cá ver o que escreves. E quando tiveres medo dos trovões podes sempre telefonar-me que eu protejo-te.

R2D2 disse...

És grande, miúdo anónimo! Sei do que falas: Capri-Sonne com azedas...
Prazeres "gourmet" da minha infância. Recordo também, e com saudosismo, o prazer "gourmet" dos verdadeiros "connoisseurs" para rematar o Capri-Sonne com azedas: Um "coché" de cola branca Cisne.
Bem, tenho que ir ali bicar um Post It com corrector ortográfico que isto está-me a dar uma larica dos diabos....